Apreensivo sobre o início das aulas, pelo tipo de gente que provavelmente encontraria, e pelo pensamento que os professores colocavam (que o Ensino Médio não era pra brincadeira). O fato é que essa era a segunda vez que entrava numa turma nova. Porém, dessa vez eu não tinha nenhum colega do colégio anterior pra me ajudar.
Eu era dezenas de vezes mais tímido do que sou hoje (se é que isso é possível), e não conversava com ninguém nas primeiras semanas do 1º ano. Compartilhava meu livro de matemática pra Vanessa, garota bem simpática, meio lesona, que era amiga de Dani. Enquanto conversava aos poucos com elas, ia nos intervalos para a quadra e, como se gostasse demais de futebol, ficava olhando os garotos da minha sala jogando. De vez em quando guardava os celulares deles durante o jogo, para não ocorrer nenhum acidente, tudo no maior clima de cooperação.
A situação só veio mudar depois dos resultados das provas parciais do primeiro trimestre (que chamavam de bimestre não sei por que). Minhas notas causaram um certo espanto, conseguindo alcançar (ou superar) as do até então (e por muito tempo) cara mais inteligente da sala, que mesmo estando nessa posição não tinha nada de arrogante. Muitos começaram a me olhar diferente, e não estava certo do que aquilo significava. Ainda na mesma semana, alguns do grupo dos bagunceiros, os quais havia evitando por históricos de bullying, vieram urubuzando me perguntar se eu topava "passar as provas" da próxima vez. Talvez pra evitar desavenças, ou até gostando da pouca popularidade que havia conseguido, aceitei.
Um pouco antes disso, durante as apresentações dos alunos (daquelas que enchem o saco, por ser uma apresentação pra cada um dos professores), quando um dos alunos disse de qual colégio tinha vindo, tive a impressão de já ter escutado sobre aquele lugar de nome estranho. Num dia aleatório, o perguntei sobre o colégio, e descobrimos que tínhamos amigos de infância (daqueles que podiam ficar dias brincando) em comum. Ele era Tots, ou melhor, a primeira e mais dramática paixonite que se tem notícia (e que ja postei aqui). Daí não demorou muito e tínhamos um grupinho, em que incluímos Vanessa, Dani e Elton.
Dentre os fatos mais marcantes do ano, houve um dia em que, num momento nerd que quer aprender, acabei gritando rudemente com Dani, e a gente ficou muito tempo sem falar. Vanessa era a intermediadora da situação, me contando os pitis que ela dava porque eu preferia a companhia de Tots à dela (por motivos óbvios). Não lembro se cheguei a pedir desculpa (eu era mais teimoso que hoje, certeza), mas a gente voltou a se falar. Dani tinha um jeito meio diva / Beth Ditto que chamava muito atenção, o que me incomodava. Mas sentia com todos que eu podia falar o que quisesse, enquanto que com Elton podíamos deixar as meninas chocadas, falando sobre sacanagem haha.
Houve também as noites que, depois da aula, ficávamos na rua em frente, ou escondidos em alguma parte escura do colégio, jogando "Verdade e Consequência", que eram absurdamente divertidos. Contando com a vez em que (numa das "Consequências") Dani beijou Tots, depois ficando várias vezes, o que partiu meu coração em três.
No final do ano, a professora irritante de química teve a idéia de troca de bilhetinhos. O objetivo era que cada um mandasse bilhetinhos de "Foi bom passar o ano com você" para todos, mas seriam guardados por um responsável (acho que foi Juliana). Até que, no dia da confraternização, os bilhetes foram entregues, um a um. Meu professor de Química ficou atrás de mim, enquanto os bilhetes eram entregues...
"Eita, ninguém escreveu um bilhete pra Gustavo..." "Ninguém lembrou de Gustavo..."
Já estava ficando sem paciência, quando me entregam o primeiro. Era de Tots. A mensagem era tão boba, e tão bãã que eu comecei a chorar na hora. Mas chorar MESMO. Cada bilhete novo que lia, eu voltava pro dele e não conseguia parar de chorar. Me chamem de brega. por favor.
Nesse momento o professor parou de tirar onda, depois que percebeu que estava chorando sério. Fomos todos para outra sala, com os olhos vermelhos, quando a professora (talvez) promove mais uma dinâmica. Cada um desenhava sua mão numa folha em branco e distribuía aos restantes, para eles assinarem, como se fosse o livro da formatura dos estadunidenses. Eu ainda não entendi o sentido de se desenhar a mão (coisa mais Jardim I), mas guardo esse papel até hoje, quase rasgado e desbotando, como podem ver aí
As mensagens que mais gosto são as de Artur (um dos que eu "passava as provas") e Elton. Estas marcações em verde não fui eu que fiz, foi uma menina envolvida-aleatória.
"Foi um prazer estudar com você e também é muito bom saber que quando eu precisar de você, sempre serei bem ajudado, você sabe que nossa amizade não tem besteira, quando precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só contar comigo. Até para o ano para começarmos uma nova batalha conta as provas. Um forte abraço do amigo ARTHUR"
"Guga foi muuiito bom estudar com vc e desenvolver essa amizade tão saldável e especial. Kra falando sério, quem tem um amigão como vc, é muita sorte. Vc é muito especial!!! mas não só pra mim, e sim para todos e para Deus (olha eu falando bem de Deus ai! to melhorando né!? Bom kra foi muito bom ter estudado e formado um grupo com vc, vou sentir saudades das nossas verdades e consequências, de eu e vc chocando os meninos Dany e Tots. Mas ainda somos e sempre seremos "o grupo"
Um grande abraço de seu grande amigo
Helton"
Ah, os bilhetinhos? Confiei em deixá-los na bolsa de Dani. Resultado: nunca mais os vi na minha vida! Mas, Mariana, se tu achar algum meu, me mostra?! Eu quero ver qual mensagem genérica eu escrevi haha.
:* continua...
3 comentários:
kkkkkkkkkkkkk
se eu achar eu mostro sim! :D
por favor, quem danado era Vanessa??? eu não lembro dessa!
e, "tão saLdável".. é, é uma amizade saLdável, cheia de sal! hahahaha
como eu era genérica.. e te chamando de "guga" pfff...
hit me with the kitchen chair [one more time]
ahhh, outra coisa:
tu tem recadinho até de Damiããããããão!
kkkkkkkkkk
só quer ser Kanye West "graduation"
hohohohoohoho
Eu não parei de lembrar da minha Aula da Saudade no CNEC. Aff. Nunca chorara de verdade até ali. E não chorei tanto depois...
Postar um comentário