quarta-feira, 21 de outubro de 2009

graduation part 5

Perto do final de 2003, como tinha passado por média em todas as disciplinas, acompanhei de longe o sufoco do restante dos alunos. Dani, Elton e Vanessa foram reprovados, e Tots quase ficou na mesma situação, pois nunca foi bom em inglês. Confesso que senti um pouco de culpa, pois mostrava aos outros que tirava notas boas, às vezes conversando mais que os problemáticos da turma. Além do mais, no último trimestre já não me importava em dedicar ao estudo (pois as notas já eram suficientes), ao contrário do restante da turma que "corria atrás" para não fazer prova final. Alune é tudo igual.

Daí pra frente só vi o pessoal na última semana do ano. Dani passou em casa dizendo que a situação na casa dela não estava fácil. Vanessa tinha ido para outra cidade e Elton provavelmente estaria viajando. Faltando algumas horas para o Ano Novo, fui à casa de Tots (só gosto de aparecer lá de surpresa), e minha vontade era de ficar lá (com ele, e sim, sou brega); porém, por convenções familiares, tive de voltar pra casa.

Até o período de matrículas eu não tinha certeza se iria continuar a estudar no mesmo colégio pois, apesar de algumas promessas, meu pai estava desempregado. Talvez por isso (ou por até então viver em uma ostra) acabei sumindo do radar. Aos 45 do segundo tempo (super entendido de futebol humpf), meu pai trocou o carro por um mais barato e, com a diferença, paga mais uma anuidade. Eu nesse momento fiquei admirado com a confiança que ele depositou, e a esperança de que eu ia fazer minha parte.

Foi aí que começou o (talvez) pior ano da minha vida. [Pausa de 40 minutos, pensando em que ponto começar]. Parte foi da falta de paciência inerente a essa fase, mas convenhamos que poucos fatos ajudaram. Antes de tudo, entrei em crise existencial enquanto minha irmã tentava me converter; aquela dúvida/impasse entre seguir uma doutrina ou seguir meus instintos, o que não é nada justo para o auge de hormônios dos 14/15 anos de idade.

Enquanto não decidia o que iria ser, pensei ser melhor me afastar de todos, o que não foi tão difícil. Me afastei dos meus pais, também porque não aguentava mais a rotina de ir ao mesmo lugar todos os finais de semana, servir de babá da minha sobrinha no meio de um monte de adultos bebendo, gritando e escutando forró descartável a manhã (e a tarde) toda. Não foi difícil de fato pois, apesar da dramatização que minha mãe fazia, não discutíamos quando eu não queria algo. Aliás, não conversávamos muito de qualquer forma.

Nesse contexo, o ano letivo começoue já não contava com o auxílio do meu pai, que me levava ao colégio (talvez o único momento da semana que tínhamos só pra nós dois). Passei a ir a pé (15 minutos), e de vez em quando meu professor de matemática (Elvis) me dava carona no meio do caminho. A turma havia ficado grande demais, muita gente nova, porém não muito diferente do 1º ano.

Logo nas primeiras semanas, eu e Tots começamos a nos afastar gradativamente. Analisando a situação hoje (mil anos depois), admito que meu afastamento do mundo foi responsável. Enquanto isso, Dani mandava cartas através da irmã (que estudava na sala em frente à nossa) todas as semanas. Nesse momento, Dani estava na capital, forçada, fazendo supletivo para "reverter" a reprovação. Eles (Dani e Tots) ainda estavam "juntos", mas ninguém -além de nós três, claro- sabia e nem eu emitia a mínima opinião a respeito.

Quando ela soube que nos afastamos, a ponto de não falarmos um com o outro, tomou parte de intermediadora, pedindo e até implorando para que voltássemos a nos falar. Mas estamos falando de garotos adolescentes e teimosos, e seria preciso muita persuasão. Todos estavam tristes com a situação, e Dani se sentia impotente por não conseguir levantar a bandeira branca. Daí foram semanas e meses de cartas super dramáticas, que vou transcrever no próximo post.

continua

Um comentário:

Thay Gomez disse...

Marlyn, você não pode sentir um pingo de culpa por ser competente! Os outros que não são, é que têm!

Uhuw!
Tô me sentindo em frente à tv vendo um filme!!