segunda-feira, 26 de setembro de 2016

vida su

    Bom, tenho três artigos pra escrever mas estou aqui escrevendo pra ninguém em especial. Na verdade, queria só organizar minha cabeça um pouco quando a rotina e as notificações de celular não deixam.
    Existe uma certa pré-concepção que tudo é maravilhas quando uma pessoa vai se mudar, especialmente para fora do país. Não sou um exemplo de nada. Aliás, meu jeitinho anormal tem um grande fator no meu insucesso, em alguns aspectos, nessa empreitada. Pra começar, durante todo esse tempo (quase três anos, mais dois que me mudei da minha cidade natal), venho lidando com crises de solidão, distanciamento, o que for. Não necessariamente, ou exclusivamente, saudade da família ou dos amigos porque, no final das contas, eu sentia um certo aprisionamento e co-dependência que me motivou a sair de lá. Eu diria que é mais um sentimento de não pertencer ou não se identificar com o modo de viver, ou do tipo de relação que as pessoas tem nesse novo lugar. E nisso incluo também Belo Horizonte, pra não dizer que é algo exclusivo de fora do país. Espero que essa discussão chegue a um ponto.
    Quando você chega em algum lugar em que você é fisicamente, e culturalmente, diferente, as pessoas não intencionalmente projetam mais pré-concepções nas suas costas. Contarei o caso específico de homens gays porque é o que está mais vívido na memória. Nem preciso dizer que exótico leva a eles escolherem passar um tempo por uma fantasia, por uma imagem super sexualizada. Não estou dizendo que sofro (literalmente) com isso. Você não pensa no contexto sócio-cultural quando está horny, não é mesmo?! Sem contar que havia também uma fantasia da minha parte pelo padrão físico europeu; algo que eu não conseguiria na minha cidade porque as pessoas são superestimadas por causa disso. No entanto, quando a necessidade passa e, eventualmente, as crises voltam, é impossível não pensar que vai ser difícil ultrapassar a barreira das pré-concepcões e conhecer alguém que te conheça como você é. Não que eu fosse esperar isso em apps de pegação; afinal, é um tiro no escuro.
    Bom, isso tudo pra dizer que terminei um relacionamento sério de quase dois anos. Foi um relacionamento à distância, que trazia todo o chorume desse tipo de relacionamento consigo, mas que nos momentos juntos, funcionava muito bem. Mas por que entrar em outra relação à distancia dado ao meu histórico mesmo? O que tenho a dizer em minha defesa é que apenas aconteceu. O tipo de situação quando você "conecta" com uma pessoa sem nenhum esforço. A grande questão que surgiu foi a que custo estávamos dispostos a continuar esse compromisso considerando meu futuro iminente. Eu não estava disposto a continuar fora, visto que oportunidades quando eu voltasse eram dadas como certas; nem ele estava disposto a largar o que demorou tanto pra construir e que estava começando a dar certo para se mudar pra outro país.
    Essa situação me fez pensar: talvez fazemos parte de uma geração, ou apenas chegamos a um ponto, em que nos dedicamos a construir uma estabilidade profissional, financeira, etc. Enquanto necessidades emocionais e afetivas são deixadas de lado. Afinal, é instável e dá trabalho. Será que não estar disposto a fazer uma grande mudança de planos significa que o amor não é tão forte assim? Por quantas outras crises vou passar até chegar à estabilidade que procuro? Quando é que o timing da vida vai finalmente se ajeitar? Não sei. Sou burra.