terça-feira, 28 de dezembro de 2010

what kind of world would it be

Eu devia fazer muita coisa nesse final de ano. Organizar minha vida, nem que fosse mudar o armário, procurar algum serviço pro ano que vem, providenciar minha despedida do laboratório. Mas tudo acabou sendo atrapalhado, e não foi apenas a gripe de semana passada. Nas semanas anteriores minha avó me parou pra falar o que minha irmã estava aprontando. Ela tinha conversado com minha prima de Brasília que estava arrumando as coisas para sair de casa, e pediu que ela mantivesse segredo. Talvez tenha se esquecido com quem estava falando, pois ela contou a minha mãe antes de viajar de volta.

Dias depois minha prima 'doida' do Rio, que veio (acho que) em outubro, deixou escapar pra minha avó no telefone que estava tudo pronto pra vinda delas. Minha avó não deixou de expressar a preocupação com a minha sobrinha, com a educação que ela teria. Minha irmã tem fama adquirida de ser irresponsável e desorganizada. De fato ela não pode culpar o resto do mundo da situação que ela tinha aqui, mas não a julgo se ela quis sair daqui, uma vez que não estava se sentindo bem. Aliás, é meu pensamento desde muito tempo.

Enfim, pulando o drama infinito, como se alguém tivesse morrido, quinta-feira de manhã minha avó parou a vizinha pra dizer que elas (irmã e sobrinha) estavam guardando as coisas pra sair. A vizinha, evangélica e surpreendentemente sábia, disse a ela que criamos nossos filhos para o mundo, e que a gente deve desejar o melhor quando eles se vão. Essa foi uma facada pra toda a criação que a gente teve aqui em casa, quando não podíamos nem ficar na calçada enquanto crianças. Talvez seja a razão de toda essa revolta tardia.

Fiquei limpando o primeiro andar, ligado em cada barulho que ocorria, apesar de estar com o rádio ligado. Acontece que com todo esse clima eu esperava que, a qualquer momento, uma discussão explodisse com minha mãe pra todo mundo ouvir. Não aconteceu, e elas passaram o dia e a tarde arrumando as coisas. À noite, estou no quarto e minha irmã vem falar com minha mãe, avisando que já ia. Minha mãe então começou o monólogo engasgado desses dias, soltando argumentos furados, como se só comida e um teto garantisse um lar pra alguém. Minha irmã foi sem responder, talvez foi melhor assim.

Desde então o clima tem sido pesado por aqui. Hoje recebi um email da minha irmã dizendo que estavam bem por lá. E só hoje me caiu a ficha de que elas estavam realmente longe. Posso não ter concordado com muitas coisas que ela fez nos últimos anos, mas sem dúvida desejo muita sorte pra ela, e que ela consiga educar minha sobrinha do jeito que ela queria.

Minha motivação pra esse post nem era de contar os problemas daqui; acabei me estendendo demais. A razão foi justamente o que me deixava ainda mentalmente sadio depois de tudo. Depois de passar quase um dia sem notícias de ninguém, a resposta mais cliché ever: o que eu seria sem meus amigos. No mesmo dia da mudança, saímos e nos divertimos bastante, mesmo que estivéssemos todos tossindo e sem ânimo até pra levantar.

Pra um ano que pareceu não acabar, de tantos acontecimentos (bons e ruins), agradeço pela paciência de todos, pelos poucos momentos de resolvi compartilhar algo aleatório que me entristecia, pelos momentos que deixaram que eu ajudasse (e no final das contas, estava me ajudando também), pelas saídas, pelas fotos engraçadas, pelas pinturas de camisas, pelas primeiras noitadas da minha vida, pelas análises do povo genérico dessa cidade, pelas viagens de madrugada. Pela companhia, nem que fosse telepática.

Muito obrigado por fazer meu ano menos #fail

E aos que me distanciei nesses últimos meses, desculpa. Tenho fases que é melhor que eu fique na minha ou desconto em quem não merece. (Como se essas pessoas viessem aqui, mas vale pelo sentimento)

Um comentário:

Juliana disse...

Passando pra saber um pouco de você... Esse ano realmente foi "longo" e confuso. Enfim, quero que saiba que admiro muito, e isso não é algo que digo por nada... Fica bem! Beijoss