segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

the most pitiful month of the year

É, cheguei a uma conclusão tardia que dezembro não presta; pode continuar existindo, mas pelo menos passe muito rápido. Aliás, todo esse clima de confraternização e alegria, divulgada à exaustão nas propagandas e programas de TV não fazem muito efeito quando se vive num lar desestruturado; e quando se está sozinho (mais como um estado emocional). Acho que eles não vendem necessariamente confraternização, ou perdão, mas celebração, compra, consumo.

Papo pseudo-socialista de lado, é assim que venho me sentindo nas últimas semanas. Estranhamente, nos dias que me senti menos outsider, quando as pessoas pareciam estar mais simpáticas, era quando eu me sentia mais só, no dia seguinte. O último show que fui foi realmente o dia mais divertido de muito muito tempo, porém os dias seguintes foram os piores dias-de-vaca já registrados. Daí me lembro de um episódio de In Treatment, em que Paul pergunta "e o que aconteceu entre aquele momento e este?" e a personagem diz: "eu cheguei em casa". Minha mente acha as referências mais cruéis, mas confesso que está certa.

Primeiro que minha mãe optou por falar o mínimo possível comigo desde que cheguei tarde (antes das 0h) em casa e liguei pra ela, pois tinha esquecido de levar a chave. Eu sabia que ela não estava dormindo, porque havia visita na casa dos vizinhos e eles sempre conversam alto até altas horas. Ao menos estava livre dessa (enorme ¬¬) culpa. Mas da culpa do show eu não estava livre, pois cometi as três grandes irresponsabilidades da minha vida:

- ter saído e não avisado a que horas iria voltar (porque ela não consegue confiar em mim e pensar que estou seguro, e por isso não consegue dormir enquanto não chego - e que não é inteira culpa minha, convenhamos)
- não ter ido ajudar meu avô na feira (e que ele nem faz muita questão), cuja grande ajuda que faço é ficar no carro e evitar que alguém leve o rádio. Se alguém o fizesse, seria pura coincidência
- ter dormido a manhã inteira e não ter feito a faxina na parte de trás da casa. Assim que acordo, ela passa pela porta (entrada, na verdade, porque _orra de porta não existe), olha pra mim com aquela cara de decepção, respira fundo e volta. Mal consigo viver com uma culpa dessa nas minhas costas, né?!

O climão já não estava muito bom pra Mariana e Paloma também, então a gente resolveu sair pra fazer qualquer coisa (resolver sair pra algum lugar é algo novo para nós). Emprestei o box de Six Feet Under pra Paloma e fomos ao Subway (nota: que sanduíche bom!) analisar nossos dramas, ao som do DVD de Shakira. A conclusão do dia foi que as pessoas eram complicadas em vários níveis de loucura diferentes, mas a gente arruma os casos mais extremos por pura sorte ¬¬.

Mostrei a mensagem que pnp me mandou no dia que fez um ano que começamos a namorar, ainda esperando alguma coisa depois de tanto tempo. Discutimos então como as pessoas tendem a viver com uma percepção totalmente deturpada das coisas, dorgas fortes mesmo. Apesar de já convencido, Mariana disse que admirava (não lembro se com essas palavras) minha atitude de acabar com o relacionamento, uma vez que ia entrar num ciclo de auto-destruição triste, e para ambos os lados.

Disso não tenho mais dúvidas, e de também não sentir mais nada por ele, mas o que mais me irrita é essa falta de noção dele que me assombra. Quase um clone do ghost (logo quando o original está melhor), mas sem a presença física e indesejável. Falar em ghost, enquanto estávamos conversando sobre o assunto, como num timing absurdo ele manda outra mensagem, dizendo que está com saudades e que me ama e etc. Meu, SUMA!!! ¬¬'

Depois de desabafar, o domingo poderia ter sido melhor. Mas não, domingo tem que ser podre!
Acordei com dores no pescoço e nas costas, mal conseguia olhar pro lado; decido então fazer a faxina no dia seguinte. Passo o dia lendo no terraço e vejo o coroa do cachorro (minha mais nova obsessão) discutindo feio com uma mulher super-dramática que mora aqui perto; a discussão foi por causa do pobre do cachorro, e foi feia! Depois disso, não acho que ele deve passar mais por essa rua, desfilando seu charme. Não, esse não é o grande problema da minha vida, mas de longe era a parte mais legal-estranha do domingo.

Minutos depois, canso de ler e fico no portão, olhando a rua deserta e pensando na vida. Não consigo não pensar que, apesar dos meus esforços óbvios de infância de não causar problemas (e que continuaram até hoje), sinto que não sou valorizado por isso. Tudo bem que entendo todos os estresses da minha mãe, falo isso de verdade, entendo todos; mas daí a exigir nas entrelinhas que eu não saia e não tenha vida social já é demais. Porém minha mente dramática apenas pensa que se estivesse numa delegacia, ou vivesse drogado e roubando (casos que a vizinhança fofoqueira sempre sabe), talvez dessem valor.

Com a vaca manifestando logo cedo, minha sobrinha aparece e senta do meu lado. Ela tem essa necessidade de quebrar o silêncio mas de um jeito divertido, pois ela conta coisas de infância que te fazem lembrar inevitavelmente da própria infância. Isso até ela falar sobre Justin Bieber e Tokio Hotel. Enfim, durante os últimos meses a gente tinha ficado distante (apesar de vivermos na mesma casa) com toda a pressa da graduação e formatura, e fazia tempo que não tínhamos um quality time.

Começou a ficar quente demais e a chamei pra ver Shaun the Sheep. Minha mãe chega, nos vê no computador e começa um show, afastando os móveis do lugar com rispidez, dizendo que a casa estava sendo comida pela poeira. "Eu tinha deixado pra limpar amanhã, meu pescoço está doendo" "E eu tô boazinha aqui, né?" "E isso não pode esperar?!" "Não, eu tô boa, pode deixar". Minha tia chega e fica fazendo perguntas sem-noção, ela responde, para todos escutarem, e que faz tudo nessa casa etc.

Perco a fome e fico no terraço, onde não dá para escutar, mas em compensação algum carro de som estava perto tocando algumas músicas bregas. Estou quase explodindo e começa a tocar uma música dos Pholhas, que me lembra infância também. "Não, essa música não!", começo a chorar enquanto todos os problemas parecem se concentrar ao mesmo tempo. Rejeição, solidão, a perspectiva de que não conseguirei amar alguém que não seja pirado, a perspectiva de pensarem que estou cometendo um pecado imperdoável e irei direto ao inferno (bem, eu não acredito nisso, mas é o que penso enquanto minha mãe vê o programa de Silas Malafaia antes de ir trabalhar).

Deplorável, e não estava preocupado se os vizinhos perceberiam, nem quando meu primo apareceu do nada. Minha avó vem duas vezes perguntar se eu iria almoçar. Passei a tarde inteira dormindo na casa da frente, no menor sofá (até nisso eu penso pra não atrapalhar ninguém, what's my problem?!?!?!). Dias passam, o clima continua e minha avó me pede pra considerar, o que no final das contas estou fazendo, esse é apenas um, talvez o menor dos problemas que passam na minha cabeça. Too much to deal with.

Acabou sendo um post muito grande, e agradeço pela paciência de quem chegou até aqui. Foi tão chato de escrever quanto foi pra ler; odeio recorrer a esses assuntos novamente, mas foi o jeito. Ou explodir com qualquer coitado que ainda se importa.

:/

Um comentário:

Thay Gomez disse...

Com base na sua experiência aí e na minha aqui, chego a uma conclusão: filhos não são mais aceitos em casa depois que fazem 20 anos.

A não ser nas férias e com os bolsos cheeeios da grana.
Ou pode ser só o meu caso.