quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

time changes everything

Todos estamos familiares com a idéia de ter grandes amigos em certo momento da vida, geralmente no colégio, e o tempo e as circunstâncias irem afastando aos poucos, certo? Não há muito o que fazer, você não perdeu a consideração com a determinada pessoa, ou deixou de gostar dela, mas seus afazeres e seu ciclo social é (inevitavelmente) outro; não tão de repente seus pensamentos mudaram (ao menos que você tenha uma queda geminiana), assim como os do antigo amigo, de modo que de restante há poucos pontos em comum. Life's a bitch, huh?

Foi assim com uma grande amiga do primeiro ano. Andávamos grudados o ano inteiro, no ano seguinte trocávamos cartas várias vezes por semana, dividindo nossas frustrações e depressão. No terceiro ano, perdemos nossa informante e nos vimos apenas umas três vezes durante o ano, apesar de estudarmos na mesma cidade. Não estou questionando nossa amizade, e não farei isso; nem deixo de desejar o melhor pra ela, e tenho certeza que é recíproco. É apenas um fato, além de naquele cansativo ano termos vestibular e minha casa estar uma bagunça emocional.

Lembro que ela foi a primeira pessoa com quem eu dividi sobre minha orientação, numa ligação chorosa, em que achei que ela ia ter um ataque de raiva (adolescentes melodramáticos). Apesar disso e de contar naquela época quais eram minhas paixonites, eu nunca tive liberdade com ela pra falar livremente sobre o caso, como eu tenho com B e Mariana atualmente. Nas poucas vezes que nos encontramos, sempre havia companhia de gente desconhecida por mim, o que não é bom para alguém em processo de aceitação.

Ás vezes penso que nossos amigos refletem, ou imprimem, algo de nós; e, em certas ocasiões, dificilmente muda. Ao reencontrá-la depois de tanto tempo, eu me lembrava do que era anos atrás, pois foi essa versão minha a que ela estava acostumada, era dessa versão que ela gostava. Claro que não penso em agir do jeito estranho de antes, mas é involuntário. Mas voltarei a essa questão depois.

A última vez que a vi foi no início do ano passado, quando ela precisou de mim pra dar um depoimento anônimo num trabalho sobre homossexualidade (devo ter postado por aqui). Enfim, foi uma situação constrangedora e me expus a gente que mal conhecia. Felizmente, os acontecimentos daquele ano me deixaram mais seguro quanto a isso. Essa é a parte que a vida (or whatever it is) faz com que você mude.

Quase dois anos depois, essa amiga reaparece. Você descobre que ela agora é dona de uma loja e está casada(!), histórias contadas na mais estranha familiaridade. "isso eh um bofh sem tempo. vc ta muito mudado eim!". Vamos pular a parte que não sabemos se é uma crítica ou elogio, apenas contemplemos a estranheza da situação: vocês vivem em mundos separados e uma diferença de quase dois anos mata qualquer tentativa de intimidade. Não quero ser falso, nem ser "uma pessoa mudada" ao mesmo tempo. Você tem carinho por uma pessoa, mas nã tem mais idéia de quem ela é.

Esses dilemas que só existem na minha cabeça. (?)

2 comentários:

Thay Gomez disse...

Engraçado como parece que "todos" os amigos que a gente tinha estão se casando e tendo filhos e parecem ter escolhido a profissão certa e etc...

Tenho váários da escola.
Aliás, a gente combinou um reencontro 5 anos depois de formados e já vai fazer 9...

Acontece, inevitável como o meu sono depois das 18h. Mas, enfim, tem que seguir vivendo porque todos estão fazendo isso |o|
=*

gustavo disse...

É verdade. Acho que casar e ter filhos no início dos vinte não se encaixa no meu quadro de "felicidade".

Esse negócio de reencontro dificilmente dá certo, tem gente que já está longe, tem o pessoal que lhe traumatizou na época e tudo mais. Com minha anti-socialidade, acho um grande feito ter tanta gente daquela época ainda próxima. Thanks for that! \o/

Concordo que é inevitável, e tem gente que age como se fosse de uma hora pra outra, como se fosse traição. :/

bjbj