domingo, 2 de janeiro de 2011

As Músicas de 2010

Desde ano passado eu fico viciado em listas de melhores do ano, quando vi o álbum de Florence + the Machine em praticamente todas as listas e acabou sendo a melhor coisa que me aconteceu no final de 2009, e até agora. Por volta de uma dezena de listas depois, fiz uma playlist de 25 horas de duração e escutei pacientemente. Muitas das músicas aqui citadas não vem de álbuns que gostei 100% neste ano, mas conseguiram marcar uma época, um estado de espírito, uma lembrança, seja boa ou ruim. Acredito que esse é o papel da música, além de divertir.

Antes de começar, um esclarecimento rápido: esse ano foi marcado por um grande e (meio) traumático break-up, então uma parte das músicas é de revolta, ou fossa mesmo. São 15 músicas, o que confere uma mini playlist, então divirtam-se.

15. Kate Nash - Don't You Want To Share The Guilt?
Álbum: My Best Friend Is You (escute) (video)
Difícil me decidir se essa canção foi oportuna ou extremamente cruel para o momento que estava passando. Tinha acabado de terminar o relacionamento, coincidindo com o mês do meu aniversário (que é sempre precedido de um momento de crise existencial). Daí vem Kate Nash, que já tinha várias músicas sobre relacionamentos ruins, ou que nem chegaram a ser, com uma música vulnerável sobre problemas que não podem ser resolvidos. Insegurança, tristeza de algo que deveria dar certo, mentes hiperativas e/ou problemas mentais. Acertou em cheio.
"thinking is one of the most stressful things i've ever come across"

Janelle Monáe - Cold War .14
Álbum: The ArchAndroid (Suites II and III) (escute) (video)
Estando vulnerável diante de toda a pressão do mundo é um padrão que começo a identificar nas músicas que escuto. Infelizmente conheci essa música bem depois de todo o drama, porque o processo de cicatrização seria bem mais rápido. Janelle aqui encarna uma robô que tenta se convencer que não está errada, interprete como um amor dito impossível ou as pressões da indústria da música. De qualquer forma, é daquelas músicas pra cantar alto e espantar os maus sentimentos, ainda mais que (se você estiver escutando o álbum) depois vem a ótima Tightrope, para dançar sem a menor vergonha.
"i'm trying to find my peace. i was made to believe there's something wrong with me"

13. Rufus Wainwright - The Dream
Álbum: All Days Are Nights: Songs for Lulu (escute) (video)
Essa foi a facada final. Não bastasse lidar com a insegurança e vulnerabilidade, ainda vem a frustração de todo o desejo que um "sonho" fosse realizado, mesmo que esse sonho não fosse seu de verdade. E é apenas uma música num dos álbuns mais intimistas que já escutei. Adicione o piano e a voz matadora de Rufus e você tem um representante (ou refúgio) de qualquer decepção que virá pela frente. Calma, as músicas felizes estão chegando.
"i truly loved, which is harder to do than to dream of"

Robyn - Indestructible (Acoustic Version) .12
Álbum: Body Talk Pt. 2 (escute)
Sensação de fila andando por aí? Mais ou menos. Estar "pronto pra outra" é um sentimento que inevitavelmente vem em algum momento, junto com a bravura de encarar o amor-ou-o-que-seja outra vez, mesmo que não seja muito esperto. Escutei o Body Talk algumas semanas atrás (não estava na vibe eletrônica) e me identifiquei de cara com esta canção, e a versão acústica a deixa muito mais franca e íntima que a original.
"i'm gonna love you like i've never been hurt before"

11. Sia - Clap Your Hands
Álbum: We Are Born (escute) (video)
Poderia colocar mais de uma música do We Are Born aqui, mas essa música é uma boa representante do que Sia fez comigo nesse ano. Ao lado do Lungs, com certeza foi o álbum mais escutado (e cantado), e olhe que desliguei o Last.fm várias dessas vezes. Refrão pegajoso, mais a vontade de aproveitar as coisas boas da vida e a sensação de que não devemos desperdiçar a chance. Acertou em cheio, e positivamente.
"shake me out of my misery, oh oh oh"

Mark Ronson & The Business INTL - Bang Bang Bang .10
Álbum: Record Collection (escute) (video)
O retrô veio com tudo, mas poucos executaram tão bem como Mark Ronson. Bem, o álbum é um tanto irregular, mas Bang Bang Bang reúne o melhor do mesmo. Música e clipe extremamente viciantes que deixaram o ano mais divertido. Comentário gay: Mark nesse vídeo hein? nassa!!
"the stories in your head, that's what got you dead"

9. M.I.A. - XXXO
Álbum: /\/\ /\ Y /\ (escute) (video)
M.I.A. foi uma das revelações desse ano. A partir dessa música, conheci o trabalho dela em menos de uma semana (geralmente há uma pausa entre um álbum e outro, para processar). MAYA é um álbum discutível sobre a bagunça que a internet pode ser, muito bem representado pela maquinaria instrumental que ela usou. XXXO não é diferente, apesar de ser a música mais acessível desse álbum. Assim como Cold War de Janelle Monáe, pode ser interpretado como as pressões de um amor complicado ou da indústria da música; ah, e numa geração de iphones e downloads. Não sei se a última opção se encaixa, mas se tratando de M.I.A. é bem possível.
"you want me be somebody who i'm really not"

of Montreal - Famine Affair .8
Álbum: False Priest (escute) (video)
Outro representante justo de um dos álbuns mais divertidos desse ano. Kevin Barnes ataca mais uma vez com suas acidez e frases de efeito, num clima mais divertido (como ele consegue?) e pop. A música é um insulto claro para alguém que o destrói, sabota, sufoca, e por aí vai. Alguma dúvida do porquê essa música estar aqui?!
"go away, go away, go 'way, go 'way"

7. Laura Marling - Goodbye England (Covered In Snow)
Álbum: I Speak Because I Can (escute) (video)
Depois de muita diversão, um pouco de introspecção. Laura "possui um inegável talento pra escrever sobre o amor. Um amor jovem, com franqueza e sentimento autêntico e admirável. São músicas Folk-Rock, um tanto melancólicas e com alguns pedaços 'de parar o coração'.", como disse gpoulain. Ela também foi responsável por minha fase unplugged que durou alguns meses, coincidindo com a fase de reflexão, quase insuportável de tão doída; porém necessária para as resoluções que vieram depois. Bom, complicado escolher uma música de um álbum tão perfeito, mas resume bem o poder que as músicas dessa moça têm sobre mim.
"it's good to hear that you believe in love, even if set in fear"

Everything Is Made In China - Held Back Clapping .6
Álbum: Automatic Movements (video)
O álbum é de 2009 mas teve grande destaque esse ano. Apesar da letra indicar um recomeço depois de fazer tudo errado, essa música me traz um sentimento que só sentia no primeiro álbum do Coldplay (talvez no X&Y também), algo com a melodia que não consigo expressar. Enquanto isso, o clipe é hipnótico e um dos melhores que já vi.
"no way out, no way in. time is up, need to begin"

5. Joanna Newsom - No Provenance
Álbum: Have One On Me (escute) (video)
Ainda no clima de reflexão, descubro o trabalho de Joanna como um dos mais citados em listas desse ano, e bem merecido. Lirismo, harpas, letras extensas e míticas são predominantes em um álbum de duas horas de duração, irresistível para uma segunda audição. Ao mesmo tempo que relaxa pela melodia repetitiva, essa música é um tanto confusa pelo uso de metáforas. Representa o conforto de estar com alguém, aliado a um sentimento de diminuição e desejo de desprendimento, como se estivesse preso a uma situação. Sentimento esse bem recorrente e muito bem interpretado.
"i burned safe and warm in your arms, your arms, in your arms"

iamamiwhoami - t .4
Single (video)
A estréia de 2010. Jonna Lee fez mistério, com trabalhos extremamente delicados e que só me lembravam críticas ao consumo (principalmente no clipe de 'n'). Seus vídeos eram longe de serem previsíveis e ainda renderam um concerto ao ar livre, cuja sensação só havia sentido no concerto visual do The Knife, mas de uma forma totalmente diferente. Ninguém sabe o que será do projeto, mas não acredito que um trabalho de tão alto nível como esse acabe por aí. Acabei falando mais da artista que da música, mas confiram e entenderão.
"we raise our children to the beat of this comforting, bonding love"

3. Arcade Fire - The Suburbs
Álbum: The Suburbs (escute) (video)
Esse é daquele tipo de música que te dá saudade de um tempo que, se você não viveu, gostaria de ter vivido pra poder ter saudade. O álbum inteiro é ótimo, mas The Suburbs ganhou minha atenção de cara, interpreto como quase um hino para uma geração que presencia um mundo inteiro mudando completamente, perdendo a beleza que tinha durante a infância. Não sei o quão planejado esse álbum foi ao acertar nesse tema, mas de qualquer forma o Arcade Fire ganha meu respeito ao retratar tão bem.
"i wanna hold her hand and show some beauty before the damage is done"

Sufjan Stevens - I Walked .2
Álbum: The Age of Adz (escute)
Deixando de lado o tom de despedida e término de relacionamento que essa canção traz (óbvio demais), ela me toca por ter um lado muito mais confessional de Sufjan, assim como o álbum inteiro. O arrependimento aqui é muito sincero, para aqueles dias de reflexão infinita, ainda mais se seguido por Now That I'm Older.
"i should not be so lost, but i got nothing left to love"

1. The National - Bloodbuzz Ohio
Álbum: High Violet (escute) (video)
Também acompanhando as listas, marquei meu reencontro do The National. Há dois anos, um amigo tinha me indicado o álbum Boxer; escutei umas duas vezes e deixei de lado. Como?!?! A voz matadora do vocalista é apenas um catalisador para todo o clima de melancolia abordado nas canções, e de forma ainda mais pesada no último álbum. Eu poderia dizer apenas que essa canção me derrete, mas é muito pouco. Ela me tritura enquanto sinto aquela agitação, como se estivesse me debatendo no colchão; enquanto a letra conta a culpa de que nada paga o amor de um lar, mesmo que a sensação de voltar para o mesmo não seja tão confortante.
"i never thought about love when i thought about home"

Esclarecimento #2: Adele poderia estar nessa lista, mas como o álbum dela tem tudo pra ser um dos melhores desse ano novo, fica como menção honrosa. Rolling In The Deep (escute) (vídeo)

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