segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

the trip part 2

Parte 2 - anxiety

O ônibus estava praticamente cheio, como era de se esperar. Sentei ao lado de uma senhora com uma filha pequena no colo, que não parava quieta e toda vez que ela tocava em mim, as duas olhavam pra mim esperando uma bronca, ou sei lá o que. Fingi que não senti. Cerca de meia hora depois, fizemos a primeira parada, mãe e filha foram embora e tive a poltrona só pra mim; vinte minutos de pausa para alimentação, pois o ônibus vinha da capital, não estava com fome.

Quando as pessoas voltaram, coloquei minha mochila no colo, caso algum novo passageiro chegasse, mas não. Fechei os olhos pra não olhar para as pessoas entrando, com o fone no ouvido, quando de repente: "Uô-ô-ô-ô-ô ô-ô-ô-ô ô-ô-ô... caught in bad romance", juro que comecei a rir, e o barulho era perto, na poltrona atrás de mim. O ônibus começou a andar e eu estava cantando baixinho a música; quando ela acaba, percebo que seja lá quem estava tocando, estava executando o 'Fame Monster' inteiro. Eu, claro, cantando cada música e eventualmente ouvindo os dois (sim, era uma dupla, ou casal de atórons) comentando e cantando também.

A viagem acabou demorando mais que eu esperava, tivemos que fazer várias paradas. Não consegui dormir, e admirava a escuridão nos campos abertos, com uma casa longe com as luzes acesas, acho tão bonito e estranho por ser tão inseguro também. Assim que cheguei na cidade, pnp liga pra mim (assumi que ele estava tentando há mais tempo). Cansado e apertado (não espere que eu use banheiro químico de ônibus), cheguei; pnp estava me esperando, me deu um abraço e fomos pra casa que ele tinha arrumado. O tempo estava ótimo, estava úmido devido a uma chuva rápida.

Chegamos na casa, deixei a mochila no sofá. Pedi pra ir ao banheiro, e tardiamente percebi que ele estava se aproximando de mim, senti ele abaixar a cabeça enquanto eu me afastava, bateu certa pena. Mas quando saí, deu pra matar a saudade, conversamos bastante, liguei pra casa pra lembrar que estava vivo, entre outras coisas. Era por volta da 1h da manhã quando chega um amigo dele, nickname Gale.

Se eu conhecesse Gale em outras ocasiões, passaria longe. De fora, ele é um atóron dos maiores níveis de... gayzisse. Escutando as histórias dele com os caras que ele já ficou, percebi que ele era gente boa, só queria aproveitar a vida como, claramente, não dá muito pra se fazer em uma cidade de interior. Depois de pouco tempo, ele percebeu que estava sobrando e foi embora. Fomos, eu e pnp, dormir às 4h.

Não conseguimos dormir muito. Além de ser um lugar novo, fazia muito calor naquela cidade, e o ventilador deixava meus pés excessivamente frios. Já no domingo, fomos encontrar Gale na praça, tomamos cachaça com soda. Tirei fotos da praça, de um cara deitado no banco, de pnp olhando pro vácuo; o tempo estava ótimo e eu senti uma paz como fazia tempo que não sentia.

Depois, fomos ao shopping a pé, que não era mais que um prédio comercial, e bem pequeno. A praça de alimentação estava vazia, o 'cinema' ainda não estava funcionando; tiramos um momento em que não tinha ninguém ao redor (nem Gale) e nos beijamos :P No momento, não demos a mínima pra isso, mas por que daríamos, penso eu agora?! Ficamos um tempo na praça de alimentação para carregar a bateria do celular de Gale; ele aproveitou, enquanto pnp se afastou por um minuto, pra perguntar se eu o achava louco. Gostaria de ter dito o que escrevi mais acima, mas minhas reações não são muito rápidas.

Saindo de lá, minha mãe liga. Eu estava sem créditos, e não tinha encontrado nenhum lugar aberto para recarregar. Enquanto ela falava, olhei pro céu e ele estava todo com as nuvens fragmentadas, com o sol ao fundo. Tirei fotos no caminho inteiro de volta para a casa, foi lindo! Também no caminho, vi um casal de velhos comendo pipoca na rua, sentados tranquilamente; aquilo me tocou tanto, mas não tive coragem de fotografar mais de perto. Dessa forma, parece que não aproveitei a companhia; pnp aproveitou pra mostrar a casa da mãe e a casa da avó, onde, pelo que entendi, era onde ele ficava.

Gale se separou da gente e voltamos para a casa, eu e pnp. Percebemos que ia haver uma grande festa da igreja próxima, o que o fez chamar os amigos pra passar um tempo no centro. Nesse meio tempo, ficamos deitados um tempo, quando eu comecei a pensar (de novo) nas coisas boas que estavam acontecendo. Sim, inevitavelmente comecei a chorar, mas não com soluços e coisas do tipo; as lágrimas simplesmente saíam. Pnp ficou preocupado (lógico), achando que eu estava triste ou magoado com alguma coisa. Disse que estava feliz e que desde que começamos a namorar, eu estava mais emotivo que o normal. Ele pediu pra eu parar várias vezes, mas simplesmente não conseguia. Me achei ridículo, e fraco, por causa disso; mas satisfeito por não ter escondido a verdade, fingindo ser mais forte do que eu sou.

Com olhos de drogado, fomos ao centro. Passamos um tempo falando sobre a família, minha família; eventualmente falei sobre meus problemas em casa, sobre a responsabilidade que tinha, dentre outras coisas. Citando a trama de Shelter, que tínhamos visto de manhã (assim como o piloto de Glee), ele me disse que as responsabilidades existiam porque eu deixava. Ele tem razão, a parte difícil é largar, de repente para alguém que não saberá lidar ou pra ninguém mesmo, essa responsabilidade. Talvez eu me importe demais com o pessoal daqui, dado que nunca fui digno de preocupação. Eventualmente uma (ok, algumas) lágrimas caíram (já sem paciência pra ser o fraco de novo), por eu não ter a liberdade que eu queria, e por ser preocupado demais.

Chegaram os amigos dele, me preocupei em me compor pra não parecer que tivemos uma briga. Eram "vizinho", o amigo de pnp que comentei com B. por ser fofo; o fato é que parte da fofura era efeito das fotos. O segundo era "mobile", namorado de vizinho, que tinha um jeito de olhar acolhedor, meio intrigante às vezes. A terceira era o clone bom da caminhoneira, impressionante como as duas se pareciam no figurino, na forma e na hiperatividade, sendo que com ela era mil vezes mais legal que a caminhoneira original. Confesso que fiquei encantado.

Depois de um tempo, voltamos todos para a casa e jogamos Banco Imobiliário, ao som de The xx e Phoenix. Vizinho claramente gostou de The xx e perguntou duas vezes o nome da banda. Fiquei encantado também por todos gostarem, como sempre fico quando alguém gosta do meu gosto musical. Pela segunda vez na vida, de três, eu ganho o jogo, mesmo sem saber todas as regras. Foi engraçado no final das contas. Depois eles foram embora e, caindo de sono pela noite anterior, fomos eu e pnp dormir. Só tínhamos mais uma manhã para aproveitar.

continua...

Um comentário:

Thay Gomez disse...

Em toda viagem, chove de gente que diz que comprou a cadeira onde vocÊ sentou e crianças chorando por causa do calor. Brasiiiiiiiiiiiiiiiiiiil!!

Meu amigo, quer ver um bando de atónrons soltos? Viaje para a Baía da Traição ou Natal no Carnaval XD

Fico feliz por você estar feliz, amigo =)

Xero enorme!!