segunda-feira, 1 de novembro de 2010

o dia que nem eu aguentei

Não, eu não estava na luta política durante esse tempo e me esqueci do blog. De fato, o post é justamente sobre isso, mas nada muito chato; a não ser que você seja muito sensível à visão fechada das pessoas. Durante esse segundo turno, me mantive com minha decisão desde o começo, porém não espalhava minhas opiniões e convicções por aí. Até porque quem mora aqui sabe como as pessoas levam a sério essa disputa.

As aulas que tive de economia nesse período me ajudaram bastante; muitos termos e propostas foram melhor entendidos e eu pude ver com outros olhos aquele período que eu não ligava muito pra política. Nem por isso fui divulgando e tentando convencer as pessoas do meu pensamento que, apesar de politizado, era restrito e discutível.

Foi aí que começaram a pôr (tem acento?) religião no assunto. Por aqui começaram a discutir qual candidato tinha mais "espírito cristão" que o outro. Afinal, o que isso garante quanto à dignidade de alguém? Devemos deixar agnósticos e ateus sob suspeita em relação a todo resto, em pleno 2010?! Qualquer notícia relacionada me irritava bastante, uma vez que me sentia desrespeitado. Nisso, recebo emails toda semana de um colega do ensino médio; não os lia, por causa dos títulos bem sugestivos, sobre aborto e outras notícias sensacionalistas.

A gota d'água foi quando recebi um email de corrente com .pps de outro colega do ensino médio. Bom, não bastasse ser .pps e corrente né? Assunto: A bicha suicida. Já estava vendo a grande bosta que seria, mas estava paciente e masoquista naquela manhã. A tal "bicha" queria se matar e o bombeiro tentava convencê-la de desistir. - Pense na sua família, - Eu não tenho, - Pense na sua mulher, - Eu sou gay, - Pensa que Lula vai sair do poder, - Eu apóio Dilma, - Ah, então se joga daí, porra. hahahahaha ¬¬'

Foi o tempo de tomar café e me acalmar do absurdo, e foi aí que não aguentei e assumi publicamente não minha homossexualidade, mas minha posição contrária à direita conservadora. Respondi o email com educação, não esperando grandes atitudes de volta, só pra manter minha consciência tranquila. Mandei com cópia pro outro colega.

Uma semana depois, olha o que recebo no orkut (nessas horas eu não gostaria de receber de atualizações por email):

"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso"
General Olímpio Mourão Filho

Parece um jogo de 7 erros, não? Foi aí que resolvi me calar de novo, afinal como dialogar com alguém que usa um discurso extremamente conservador e cego como esse? A posição dele no restante da campanha foi negar os contra-argumentos, alegando que era manipulação e pejorativamente "notícia de blogueiro".

Quer saber? fuck it. Fico feliz que tive muita gente ao redor disposta a discutir e mostrar que nem todo governo é perfeito. Como a professora de economia falou, sempre é um cobertor curto, você cobre a cabeça, mas ficam os pés de fora. Espero muito otimista numa população menos alienada; além do mais, o povo mostrou um pouco de consciência nessa eleição pra governador, até porque não se tinha muita escolha. Espero também não usarem tão covardemente a religião nas próximas eleições, apesar de que senhores "legais" como Silas Malafaia não morrem nem tão cedo. ¬¬

PS: Nem vou comentar sobre a "culpa" do Nordeste nas eleições, deixa a pseudo-elite pensar que leva o Brasil nas costas, consciênciazona histórica eles tem.

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